Gestão de estoque na prática: Aprendizados reais de um CD multimarcas
No universo da logística, a gestão de estoque costuma ser tratada como algo técnico, um conjunto de números, códigos e sistemas. E sim, ela exige precisão. Mas, na prática, dentro de um centro de distribuição (CD) que atende múltiplas marcas e categorias de produtos, como é o caso da Infracommerce, a gestão de estoque é, antes de tudo, uma rotina viva, estratégica e sensível a cada detalhe do negócio.
Mais do que registrar entradas e saídas, gerir um estoque é garantir que o produto certo esteja disponível, no momento certo e no lugar certo, com segurança, agilidade e inteligência operacional. Parece simples, mas quando lidamos com centenas de SKUs, de diferentes naturezas e requisitos logísticos, a complexidade aumenta.
Tudo começa com a armazenagem estratégica
A eficiência de uma operação começa muito antes do primeiro pedido sair do CD. A primeira decisão estratégica é: onde e como armazenar cada produto? Essa definição exige uma análise criteriosa das características de cada item: peso, dimensões, rotatividade, valor agregado e até mesmo fatores como sensibilidade à temperatura, umidade e luminosidade. Também é essencial considerar requisitos regulatórios, como licenças da Anvisa para produtos que exigem controle sanitário.
Na nossa operação, realizamos esse mapeamento com rigor para definir se o item deve ser alocado em prateleiras, araras, paletes, áreas refrigeradas ou com segurança reforçada. Produtos de alto valor, por exemplo, são armazenados em ambientes controlados. Já itens grandes e pesados precisam estar em pontos de fácil acesso, contribuindo diretamente para o ganho de produtividade da operação. Por outro lado, armazenar um item curva A no fundo do estoque aumenta deslocamentos, eleva o risco de atrasos e custos extras.
Uma armazenagem bem planejada reduz retrabalho, evita gargalos e garante agilidade operacional, minimizando perdas causadas por ineficiências logísticas e, principalmente, impactos financeiros.
Inventário: O coração da organização
No dia a dia da operação, é comum lidarmos com situações que comprometem a organização do estoque, como divergências entre o estoque físico e o sistêmico, armazenagem incorreta, inversões de material e produtos vencidos. Esses problemas fazem parte da rotina de uma operação que não para.
A melhor forma de mitigar esses impactos, especialmente a temida ruptura, está no inventário cíclico: uma ferramenta essencial para o controle contínuo do estoque.
Com ele, é possível identificar e corrigir com frequência as divergências entre sistema e físico, sem interromper a operação. Isso aumenta a acuracidade dos saldos, reduz perdas por avarias ou vencimentos, evita excessos, corrige falhas no picking e melhora a qualidade da armazenagem.
Além de apoiar a tomada de decisão e tornar os dados de planejamento e compras mais confiáveis, o inventário cíclico contribui diretamente para manter a operação fluida e eficiente. Mais do que uma exigência fiscal, trata-se de um instrumento estratégico para reduzir perdas, evitar rupturas e manter o estoque saudável.
Dados: O combustível da previsão de demanda e do reabastecimento
A previsão de demanda e o reabastecimento são duas das etapas mais estratégicas da gestão de estoque, como também é onde a tecnologia tem gerado impactos significativos. Soluções baseadas em inteligência artificial e business intelligence permitem cruzar dados históricos com tendências de mercado e sazonalidades, gerando previsões de consumo com alto grau de precisão.
Essas informações alimentam diretamente os processos de S&OP (Sales and Operations Planning) e S&OE (Sales and Operations Execution), garantindo que o planejamento estratégico esteja alinhado com a execução tática e operacional no curto prazo. Enquanto o S&OP orienta as decisões de médio e longo prazo, o S&OE ajusta rapidamente o reabastecimento e a alocação de recursos conforme a realidade da demanda no dia a dia.
Com esse suporte, é possível tomar decisões mais ágeis e assertivas sobre o quê, quanto e quando reabastecer, algo especialmente crítico em períodos de grande variação de demanda, como datas sazonais e campanhas promocionais.
Não por acaso, o mercado de software para gestão de inventário está em expansão na América Latina. De acordo com a Grand View Research, o segmento deve atingir US$ 383,8 milhões até 2030, com crescimento médio anual de 3,8%. Já o setor de logística digital, que inclui soluções como WMS, TMS e outras tecnologias, tende a ultrapassar os US$ 7,37 bilhões no mesmo período, com uma taxa de crescimento anual de 19,8%.
O impacto da gestão de estoque na experiência do cliente
Pode parecer que estoque é um tema puramente interno, mas, na prática, ele tem impacto direto na experiência do consumidor. Quando o estoque está mal organizado ou desatualizado, há grandes chances do pedido atrasar, ou sequer ser entregue. Por outro lado, um estoque bem gerido garante disponibilidade, entrega no prazo e, muitas vezes, fidelização do cliente.
Dados recentes da GFS Deliver (março de 2025) mostram que 61% dos consumidores latino-americanos têm mais chances de comprar novamente após uma experiência de entrega positiva. E não há entrega positiva sem um estoque organizado e totalmente sincronizado com a operação de pedidos.
Esse cenário se intensifica com o crescimento do e-commerce. Segundo estudo do IMARC Group (2025), o mercado de logística voltado para comércio eletrônico na América Latina está crescendo cerca de 10% ao ano até 2033, impulsionado justamente pela necessidade de maior eficiência, previsibilidade e agilidade nas entregas.
Na prática, cada detalhe importa
Trabalhar com planejamento logístico de estoque é entender que nenhum detalhe é pequeno demais. Desde a altura de uma prateleira até o tempo médio de deslocamento para separar um SKU, tudo influencia diretamente no desempenho da operação.
Um exemplo real da nossa operação é a necessidade de adaptar estruturas para armazenar chocolates sensíveis ao calor no verão, garantindo que a demanda seja atendida com qualidade e os produtos cheguem perfeitos ao consumidor final. Ou então, outra situação prática é redesenhar zonas de picking para acelerar a separação de kits promocionais durante campanhas de alto volume.
Quando falamos em gestão de estoque, a organização não é um diferencial, é o mínimo esperado. O verdadeiro diferencial está no planejamento: na capacidade de antecipar cenários, usar dados para tomar decisões e ajustar rapidamente a operação quando o mercado, ou a mercadoria, muda.
O estoque como pilar da eficiência
A gestão de estoque deixou de ser um processo de bastidor para se tornar protagonista em uma frente estratégica. Quando a armazenagem é bem executada, o inventário é preciso e os dados são utilizados com inteligência, conseguimos garantir performance, reduzir custos e elevar a experiência do cliente.
No ritmo acelerado em que o e-commerce cresce na América Latina, com uma taxa média de crescimento anual (CAGR) de 10,7% até 2029, segundo a Statista, investir em tecnologia, estrutura e inteligência logística não é mais uma opção. É uma necessidade para quem deseja se manter competitivo.
E para se manter à frente do mercado, você precisa de um parceiro estratégico. Fale com o nosso time, tenha eficiência na sua gestão de estoque e veja sua operação decolar!